Introdução
Você já se perguntou qual é o seu tipo de pisada?
Muitas pessoas acreditam que existem três tipos principais: pronada, neutra e supinada.
Essa classificação é usada por muitos fabricantes de tênis, que oferecem modelos específicos para cada tipo de pisada.
Mas será que essa divisão é realmente válida?
E será que o tipo de pisada influencia o risco de lesões ou o desempenho na corrida?
Neste artigo, vamos apresentar alguns estudos recentes que abordam essas questões e mostrar quais foram as conclusões dos pesquisadores.
Tipos de pisada: uma classificação controversa
A ideia de que existem três tipos de pisada surgiu na década de 1980, baseada em observações de como o pé se movimenta durante a corrida.
A pisada pronada é aquela em que o pé gira para dentro, a pisada neutra é aquela em que o pé se mantém alinhado, e a pisada supinada é aquela em que o pé gira para fora.
Esses movimentos são chamados de pronação, neutração e supinação, respectivamente.
A pronação e a supinação são consideradas mecanismos naturais de amortecimento do impacto, mas em excesso podem causar desequilíbrios musculares e articulares.
Por isso, muitos tênis são projetados para corrigir ou compensar esses movimentos, de acordo com o tipo de pisada do usuário.
No entanto, essa classificação tem sido questionada por vários estudos científicos, que apontam que ela é simplista, inconsistente e irrelevante.
Por exemplo, um estudo de 2014, publicado na revista Sports Medicine, analisou 16 pesquisas que tentaram relacionar o tipo de pisada com o risco de lesões em corredores.
Os autores concluíram que não há evidências suficientes para apoiar essa relação, e que outros fatores, como a carga de treinamento, a técnica de corrida e a força muscular, são mais importantes para prevenir lesões.
Além disso, eles afirmaram que a classificação dos tipos de pisada é imprecisa e varia de acordo com o método usado, como a observação visual, a análise biomecânica ou a medição da pressão plantar.
Tipos de pisada: uma questão de preferência
Outro estudo, de 2015, publicado na revista British Journal of Sports Medicine, comparou o desempenho e o conforto de corredores que usaram tênis adequados ou inadequados para o seu tipo de pisada.
Os autores dividiram os participantes em três grupos: pronadores, neutros e supinadores.
Em seguida, eles mediram a velocidade, a frequência cardíaca, o consumo de oxigênio e a percepção de esforço dos corredores em uma esteira, usando três tipos de tênis: neutro, estabilizador e amortecedor.
Os resultados mostraram que não houve diferença significativa no desempenho dos corredores entre os tipos de tênis, mas houve diferença na preferência e no conforto.
Os corredores preferiram o tênis que se adequava ao seu tipo de pisada, independentemente do seu efeito biomecânico.
Os autores sugeriram que a escolha do tênis deve ser baseada na preferência pessoal do corredor, e não no seu tipo de pisada.
Conclusão
Diante desses estudos, podemos concluir que os tipos de pisada não são tão relevantes quanto se pensava para a corrida.
Eles não determinam o risco de lesões nem o desempenho dos corredores, e podem variar de acordo com o método de avaliação.
Portanto, a escolha do tênis deve levar em conta outros fatores, como o conforto, a qualidade, o custo e a adaptação ao pé do corredor.
O mais importante é que o corredor se sinta bem e seguro com o seu tênis, e que mantenha uma rotina de treinamento adequada e saudável.
Estes estudos mostram que a classificação dos corredores em pronadores, neutros ou supinadores não é consistente nem relevante para a prevenção de lesões ou a melhoria do desempenho.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4177031/
Foot_Pronation_is_Not_Associated_With_Increased.
Como a escolha de um tênis pode ajudar ou prejudicar um corredor
Tipos de pisada: conheça os impactos para a saúde do corpo (blogfisioterapia.com.br)