Todo ano é a mesma coisa nos dias que antecedem a Corrida Internacional de São Silvestre, realizada nas ruas de São Paulo no último dia do ano. Os favoritos são de países africanos: Quênia, Tanzânia e Etiópia. Já entre os brasileiros são apontados apenas dois nomes que podem desbancar os favoritos, por terem obtido um bom resultado em alguma maratona ou então na Volta da Pampulha.
A última vitória de um brasileiro foi em 2010 com Marílson Gomes dos Santos. A última mulher a vencer foi Lucélia Peres em 2006. De lá para cá o domínio foi dos quenianos e etíopes. Em alguns momentos os brasileiros até conseguem figurar no pelotão que lidera a prova, mas não conseguem manter o ritmo forte dos africanos e vão ficando para trás. O máximo que conseguem é terminar em quarto ou quinto lugar.
Porque os brasileiros não conseguem vencer a São Silvestre? Com certeza esta é a pergunta que não quer calar quem acompanha os desempenhos dos corredores ao longo dos anos. Um dos motivos é com certeza o biotipo dos africanos, mas também há um outro diferencial entre eles e os brasileiros.
A palavra mágica é estratégia, os africanos fazem o jogo de equipe e cada um deles desempenha um papel ao longo da prova. Enquanto isto os brasileiros correm sozinhos e são facilmente superados pelos adversários.
Além disso, os africanos que pretendem correr São Silvestre fazem um treinamento específico e chegam a abrir mão de participarem de algumas provas. Sendo assim eles chegam bem mais preparados para a última corrida do ano.
Um dos integrantes do grupo faz o papel de coelho, isto é, a sua finalidade é a de impor um ritmo forte até um determinado ponto do percurso. Neste momento um outro corredor assume esta função e este revezamento acaba confundindo os adversários.
Em 2013 tive a oportunidade de conhecer os quenianos Edwin Kipsang (vencedor da São Silvestre 2012) e Mark Korir (vencedor da Meia Maratona de Foz do Iguaçu 2013). Foi durante um treino promovido por uma loja de artigos esportivos de Curitiba.
Consistiu em um treino amostra grátis que aproximou os corredores normais dos atletas de elite. Durante alguns instantes os quenianos mostraram como é o seu aquecimento seguido de tiros de 200 metros.