A psicomotricidade é uma área que se concentra na interação entre os aspectos motores, cognitivos e emocionais do indivíduo. Ela reúne contribuições de diversos estudiosos ao longo do tempo.
Entre os pioneiros da psicomotricidade estão Ernest Dupré (1862-1921), Henri Wallon (1879-1962), Jean Piaget (1896-1980), Julian de Ajuriaguerra (1911-1993) e Paul Schilder (1886-1940),
Ernest Dupré
Ele viveu entre 1862 e 1921 e foi um médico neurologista francês conhecido por suas contribuições no campo da neurologia e da psiquiatria.
A sua contribuição para a psicomotricidade foi significativa. Ele realizou pesquisas e desenvolveu métodos terapêuticos que relacionavam o movimento do corpo e as funções psicológicas e cognitivas, como a percepção, a memória e a atenção.
Ele acreditava que o movimento era uma expressão da personalidade e defendia a importância do desenvolvimento psicomotor para a saúde mental da criança.
Foi um dos primeiros a aplicar a ginástica educacional como uma terapia para crianças com atrasos no desenvolvimento motor e intelectual.
Henri Wallon
Ele viveu entre 1879-1962 e foi um psicólogo, filósofo e político francês que teve uma grande influência no desenvolvimento da psicologia infantil e da educação na França.
É reconhecido como um dos principais teóricos da psicologia e da psicomotricidade.
No campo da psicomotricidade, Wallon desenvolveu estudos e pesquisas sobre a importância do movimento na aprendizagem e no desenvolvimento infantil.
Ele defendia que as habilidades motoras e cognitivas se desenvolvem de forma interdependente, ou seja, o desenvolvimento motor influencia o desenvolvimento cognitivo e vice-versa.
Wallon acreditava que o desenvolvimento humano é um processo contínuo que ocorre em três fases principais: motor-sensorial, emocional e cognitivo.
Em cada fase, a criança desenvolve novas habilidades e competências cognitivas, emocionais e sociais, e o ambiente em que a criança se desenvolve desempenha um papel fundamental nesse processo.
Jean Piaget
Piaget viveu entre 1896 e 1980, foi um psicólogo suíço que é considerado um dos teóricos mais importantes da psicologia do desenvolvimento, tendo influenciado profundamente a compreensão da infância e da aprendizagem.
A sua contribuição para a psicomotricidade se baseia na sua teoria do desenvolvimento cognitivo. Ele propôs que as crianças passam por quatro estágios distintos no desenvolvimento cognitivo, cada um caracterizado por diferentes formas de pensamento e raciocínio.
Durante o estágio sensoriomotor (do nascimento aos 2 anos) a criança começa a entender o mundo através de suas sensações e ações físicas. Ela aprende a coordenar os movimentos e a perceber a relação entre os seus movimentos e os objetos ao seu redor. A criança também desenvolve a capacidade de representar mentalmente objetos e eventos ausentes, conhecida como “objetos permanentes”.
No estágio pré-operacional (dos 2 aos 7 anos) a criança começa a usar símbolos para representar objetos e ideias. Ela desenvolve a linguagem e a imaginação, mas ainda não é capaz de pensar logicamente ou compreender a perspectiva dos outros. A criança também é egocêntrica, ou seja, acredita que todos veem e pensam como ela.
No estágio das operações concretas (dos 7 aos 12 anos) a criança começa a desenvolver a sua capacidade de pensar logicamente e compreender as relações entre objetos e eventos. Ela é capaz de realizar operações mentais reversíveis e compreender a conservação de volume, massa e quantidade. A criança também é capaz de entender a perspectiva dos outros.
No estágio das operações formais (a partir dos 12 anos) a criança desenvolve a capacidade de pensar de forma abstrata e hipotética. Ela é capaz de entender conceitos complexos e de raciocinar logicamente sobre ideias abstratas. A criança também é capaz de pensar sobre o futuro e as consequências de suas ações.
Jean Piaget contribuiu para a psicomotricidade ao enfatizar a importância do movimento e da ação física no desenvolvimento cognitivo, bem como ao ressaltar a interação social como um fator fundamental para o aprendizado.
Ele propôs que o desenvolvimento cognitivo ocorre em função da maturação biológica e da experiência adquirida pela interação com o ambiente físico e social.
Além de sua pesquisa em psicologia, Piaget também foi um defensor da educação infantil e do papel da escola no desenvolvimento cognitivo e social das crianças. Ele fundou o Centro Internacional de Epistemologia Genética em Genebra, que promoveu a pesquisa em psicologia e educação em todo o mundo.
O seu trabalho teve um impacto significativo no campo da psicologia do desenvolvimento e continua a ser estudado e aplicado em todo o mundo.
Julian de Ajuriaguerra
Ele viveu entre 1911 e 1993, foi um psiquiatra e neuropsiquiatra francês, conhecido por suas contribuições na área da neuropsiquiatria infantil e da psicologia do desenvolvimento.
É conhecido por suas pesquisas sobre as perturbações neurológicas e psicológicas do desenvolvimento infantil, bem como por sua abordagem integrativa ao diagnóstico e tratamento de crianças com problemas de saúde mental.
Ajuriaguerra desenvolveu um modelo teórico da estruturação do espaço e do tempo na mente humana, que influenciou a prática clínica em neuropsiquiatria infantil. Ele propôs que a terapia ocupacional poderia ser uma forma eficaz de tratamento para crianças com transtornos neurológicos e psicológicos, e fundou a Sociedade Francesa de Terapia Ocupacional em 1946.
Foi um dos fundadores da Sociedade Francesa de Psicanálise e foi influenciado pela obra de Sigmund Freud, mas também buscou integrar outros campos, como a psicologia, a psiquiatria e a terapia ocupacional, em sua abordagem.
Os seus trabalhos continuam sendo influentes na neuropsiquiatria infantil, na psicologia do desenvolvimento e na terapia ocupacional.
Paul Schilder
Ele viveu entre 1886 e 1940, foi um psiquiatra e psicanalista austríaco que fez importantes contribuições para a psiquiatria, psicologia e psicanálise. Ele é conhecido por seus estudos sobre a relação entre o corpo e a mente, especialmente em relação à esquizofrenia e outros transtornos mentais.
Schilder foi um dos primeiros psiquiatras a estudar a relação entre a imagem corporal e a saúde mental. O termo “imagem do corpo” foi cunhado por ele para descrever a forma como as pessoas percebem seus corpos e como essa percepção pode afetar sua saúde mental.
Ele argumentava que uma imagem corporal negativa poderia levar a transtornos alimentares, ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental.
Segundo ele a terapia ocupacional e outras formas de terapia que ajudavam os pacientes a recuperar o senso de identidade corporal poderiam ser eficazes no tratamento da esquizofrenia.
Schilder também foi um importante defensor da psicanálise e foi um dos fundadores da Sociedade Psicanalítica de Viena. Ele emigrou para os Estados Unidos em 1938, onde continuou a trabalhar como psiquiatra e psicanalista até sua morte em 1940. Seus trabalhos continuam sendo influentes no campo da psiquiatria e da psicologia.
A origem da psicomotricidade pode ser rastreada até o início do século XX, quando médicos e psicólogos começaram a investigar a relação entre o movimento corporal e a aprendizagem. No entanto, foi na década de 1940 que o termo “psicomotricidade” foi cunhado pelo médico francês Julian de Ajuriaguerra (1911-1993).
Ajuriaguerra desenvolveu a “teoria das funções corticais superiores“, que se concentra na compreensão das relações entre as funções cognitivas, como a percepção, a linguagem e a memória, e a sua organização no cérebro.
A psicomotricidade tem uma importância significativa no desenvolvimento da coordenação motora das pessoas canhotas, pois a maioria das atividades motoras e esportes são desenvolvidos e adaptados para pessoas destras. Isso pode levar a uma falta de estímulo adequado para o desenvolvimento da coordenação motora fina e grossa das pessoas canhotas.
Através da intervenção psicomotora, as pessoas canhotas podem ser ajudadas a desenvolver as suas habilidades motoras de maneira equilibrada e a integrar seus aspectos motores, cognitivos e emocionais. Isso pode ajudá-las a superar os desafios que enfrentam em suas atividades diárias, como escrever, usar tesouras, usar ferramentas, jogar bola, entre outras.
A psicomotricidade não se limita apenas às pessoas canhotas, mas é uma disciplina importante para o desenvolvimento motor e emocional de todos os indivíduos, independentemente de serem canhotos ou destros.
A importância da psicomotricidade no desenvolvimento da lateralidade dominante se deve ao fato de que a lateralidade está diretamente relacionada à organização neurológica e ao equilíbrio emocional e cognitivo do indivíduo.
A lateralidade dominante é a preferência por um dos lados do corpo para realizar atividades motoras, como escrever, comer, jogar bola, entre outras.
A psicomotricidade pode ser aplicada em uma variedade de atividades, como jogos, exercícios físicos, brincadeiras e outras práticas que visam estimular o desenvolvimento motor e cognitivo do indivíduo.
Isso pode ajudar a desenvolver a coordenação motora, o equilíbrio, a agilidade e a força muscular, além de promover a autoestima, a confiança e o bem-estar emocional.
No que diz respeito à importância da psicomotricidade no desenvolvimento da coordenação motora, pode-se dizer que a abordagem psicomotora contribui para que a criança desenvolva uma consciência corporal mais ampla e profunda. Ela aprende a controlar melhor os movimentos e a perceber as sensações que o corpo lhe proporciona.
A psicomotricidade favorece a aquisição de habilidades motoras finas e grossas, como andar, correr, saltar, equilibrar-se, lançar, pegar e manipular objetos.
Essas habilidades são fundamentais para que a criança possa realizar atividades cotidianas, como se vestir, comer, brincar e interagir com o ambiente.
Por fim, a psicomotricidade também pode contribuir para o desenvolvimento socioemocional da criança, na medida em que ela aprende a lidar com desafios, a conviver em grupo, a expressar suas emoções e a desenvolver a autoconfiança e a autoestima. Tudo isso pode ser favorecido por meio de atividades psicomotoras bem estruturadas e orientadas.
O estudo da psicomotricidade é fundamental para entendermos como o corpo humano se desenvolve em relação à mente e ao ambiente, e como a coordenação motora e a lateralidade são influenciadas por esses fatores.
Compreender esses processos é essencial para ajudar as pessoas a desenvolverem habilidades motoras mais eficientes, promover a saúde e o bem-estar e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
FONTES CONSULTADAS
https://institutoneurosaber.com.br/o-que-e-lateralidade-na-psicomotricidade/
https://www.psicomotricidadepositiva.com.br/psicomotricidade-dominancia-lateral/
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/criancas-nos-anos-iniciais
https://www.efdeportes.com/efd184/lateralidade-e-iniciacao-esportiva.htm