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Nesta sexta-feira, dia 10 de Junho de 2022, a revista “Elle Arabia” disponibilizou em seu website oficial uma entrevista exclusiva com nossa musa inspiradora, Angelina Jolie. Confira a matéria traduzida na íntegra pelo Angelina Jolie Brasil!

Escrito por Virginie Dolata

SEXTA-FEIRA, 18H, 1º DIA DE ABRIL: Angelina Jolie aparece na tela do meu computador. Não, eu não estou assistindo “Eternos” na Netflix ou “Aqueles Que Me Desejam A Morte” na HBO Max e não estou alucinando. Ela está lá, via Zoom, sorrindo, pouco maquiada, com sua pele perfeita, seus longos cabelos soltos envolvendo seu rosto. Nossa interação começa, conforme ela começa a responder à minha primeira pergunta. Existe até uma certa forma de cumplicidade, entre mulheres, entre mães, que rapidamente se instala. Jolie tem o dom de fazer você sentir que pertence à mesma comunidade. Bem, quase isso, exceto por algumas diferenças, das quais ela está bem ciente. E é disso que se trata esta entrevista: discutir sobre esse maravilhoso grupo de mulheres treinando para se tornarem apicultoras, resultando em maior autonomia, benefícios econômicos individuais e locais e um impacto ambiental positivo para todos, incluindo as abelhas.

Angelina Jolie é uma mulher de convicção e ação que, há anos, usa sua fama mundial em prol de causas humanitárias, ambientais e feministas, com uma visão real do mundo e uma empatia sincera pelos outros. Por quase vinte anos, esta mãe de seis filhos (três dos quais foram adotados) trabalha no Camboja com sua fundação MJP (Maddox Jolie-Pitt), contribuindo para o alívio da extrema pobreza rural, proteção ambiental e conservação da vida selvagem. A MJP também apoia programas de saúde, educação, agricultura e empoderamento das mulheres.

Para completar, Jolie também é Enviada Especial do Alto Comissariado das Nações Unidas: “Estou trabalhando muito como Enviada Especial da ONU, especialmente com a crise na Ucrânia e em outras partes do mundo. Recentemente, tenho trabalhado em Washington D.C. pela Lei de Violência Contra a Mulher”, acrescenta.

Após trabalhar em 69 filmes, mal conversamos sobre os próximos projetos cinematográficos: “Não tenho muitos planos para este ano, mas vou fazer um filme chamado “Without Blood”, inspirado no livro de Alessandro Baricco, um maravilhoso escritor italiano. É sobre pessoas vivenciarem uma situação pós guerra civil, sobre trauma e a condição humana”. Um tema adequado para Jolie, semelhante aos longas “Primeiro Eles Mataram Meu Pai” (2017) e “Na Terra de Amor e Ódio” (2012).

Hoje, a musa da Guerlain (cujo símbolo é uma abelha imperial desde 1853), é a orgulhosa madrinha do programa “Women For Bees” que continua no Camboja, depois de uma primeira fase na França, em 2021. Este ano, 12 cambojanas serão treinadas em Siem Reap (no Distrito de Samlot) e em Tonle Sap, uma biosfera da UNESCO localizada no Parque Arqueológico de Angkor. Essas mulheres, empresárias, aprenderão sobre a criação e gestão de um sistema apícola sustentável. Mas também, sobre a importância das abelhas em seu ambiente e na cultura cambojana. Falamos com Angelina Jolie sobre compromisso, solidariedade feminina, empatia e abelhas, tão trabalhadoras quanto… Jolie!

ELLE: Você passou 20 anos trabalhando contra a crise dos refugiados e pela conservação ambiental, fundou várias escolas para meninas e sua própria fundação no Camboja, a MJP… Em outras palavras, você é “super ativa”. O que desencadeou esse enorme compromisso?

Se você tiver a oportunidade de conhecer as pessoas que conheço, globalmente, especialmente as pessoas que foram deslocadas por conflitos e passaram por coisas tremendas como seres humanos, você terá a sorte de se conectar profundamente com a condição humana através desses sobreviventes e dessas famílias maravilhosas. Então, passa a ser uma honra, uma felicidade poder fazer qualquer coisa para servir. Trabalhei com escolas para meninas no Afeganistão, bem como em outras partes do mundo e no Camboja por cerca de vinte anos com todas as pessoas maravilhosas de Samlot. Lá temos uma equipe totalmente local, o que é muito importante para mim – administrado localmente – e então… é um prazer.

Houve um ponto de partida que fez você refletir sobre o estado da humanidade e se tornar tão empática com os outros? Algo em seu passado?

Parece que todos nós deveríamos ter esse grande momento… Na verdade, são muitas coisas, assim como é para muitas pessoas, são muitas camadas que fazem crescer a mulher que nos tornamos. Claro, eu tive uma mãe muito atenciosa que era um ser humano muito compassivo e gentil que me ensinou muito e ensinava através do exemplo. Então, eu fui capaz de viajar e conhecer pessoas. Para mim, o Camboja foi um dos lugares que teve um grande impacto porque foi a primeira vez que conheci pessoas que foram refugiadas e que estavam retornando para o país pós-conflito, para viver em áreas com muitas minas terrestres. E assim, pude entender o ciclo não apenas do conflito em si, mas de passarem anos vivendo como refugiados, dos acampamentos e depois do retorno a uma área ainda afetada pela guerra. Agora que a mesma área está des-minada, e se tornou a minha casa, onde moro com minha família e onde temos nosso projeto. Trabalhamos com milhares de pessoas. E assim, você vê esses ciclos. E depois, claro, me tornei mãe. Quando você se torna mãe, você acorda todos os dias com um pouco mais de consciência, porque sua vida pertence a outra pessoa. De fato, existem muitas pessoas compassivas, você não precisa ser mãe, mas há uma consciência adicional quando você se torna uma!

Hoje, você continua sendo a madrinha da iniciativa “Women for Bees” liderada pela Guerlain, em colaboração com a UNESCO e com a MJP, sua fundação. Qual o objetivo desta inciativa e missão?

A iniciativa tem algumas missões realistas. Para mim, o problema é que muitas vezes falamos sobre aspectos muito amplos de salvar o mundo. Falamos sobre todos os polinizadores do mundo e como eles estão morrendo e como são importantes. O importante sobre esta iniciativa é que há uma ciência muito real com relação a isso: como estudar, proteger e entender as diferentes abelhas, as espécies de abelhas e quais são as melhores práticas. Há também a compreensão e o respeito pelo patrimônio cultural, pelos diferentes países do mundo que possuem formas muito particulares de apicultura que precisam ser preservadas. E também, no centro disso tudo, está o treinamento, as habilidades e a capacidade das mulheres de serem elas mesmas empreendedoras e sobreviverem. Quando você mistura a ciência e a sobrevivência das espécies com a comunidade e com famílias sendo capazes de prosperar e sobreviver, então você junta as peças e é isso o que este projeto faz. Capacitará mulheres e oferecerá proteção e conscientização para diferentes causas. Espera-se que isso também faça com que essas comunidades tenham um potencial de crescimento econômico. Quando uma mulher tem um emprego, ela também fica mais protegida e muitas outras coisas se seguem.

E essas mulheres, “designers de mudança”, vão poder adquirir conhecimento e transmiti-lo a outras pessoas?

Absolutamente e sabemos disso como um fato. Tem sido estudado que, quando as mulheres recebem certas habilidades ou mesmo comida, seja o que for que uma mulher recebe, ela tende a compartilhar isso. Você, inclusive, consegue mapear como se multiplica.

Você sente que as mulheres desempenham um papel fundamental em nossa sociedade?

Com certeza. E é triste que tenhamos que dizer isso: este papel não é compreendido ou respeitado. Há mulheres no Afeganistão que ainda lutam para ter uma educação além da sexta série e tantas outras injustiças contra as mulheres em todo o mundo. É bastante chocante quanto mais você lê sobre isso – eu estudei isso por anos, mas todos os dias eu sinto que leio algo novo, e fico novamente chocada com o tratamento, a injustiça e a falta de responsabilidade por crimes cometidos contra as mulheres.

Você acha que nós podemos aprender com o passado?

Nós somos capazes de aprender com o passado, mas também repetimos nossos erros com muita frequência e, em algumas áreas, estamos retrocedendo quando, na verdade, deveríamos estar bem à frente. O que temos visto, e isso é o que me dá esperança, é que quando as mulheres se reúnem, elas ganham um pouco mais de voz, um pouco mais de presença, um pouco mais de poder e posição enquanto estão se ajudando e trabalhando juntas. Esta é uma das coisas bonitas que estamos vendo com esta iniciativa “Women For Bees”. Eu estive com as mulheres na França quando elas estavam fazendo o treinamento (ano passado, nas colinas de Sainte-Baume, na Provença) e depois eu estive com uma das apicultoras, Aggelina Kanellopoulou, que veio trabalhar com as mulheres do Camboja. Eu assisti elas começarem a trabalhar juntas e vi que essa irmandade, esse networking, é real. Elas estão entendendo a ciência, estão conduzindo negócios, estão realmente tendo sucesso juntas. Eu sei que vamos ver mais e mais disso nos próximos anos.

É uma questão de empoderamento feminino, liderado por mulheres e para mulheres: a CEO da Guerlain, Veronique Courtois, a diretora geral da UNESCO, Audrey Azoulay, essas 12 estagiárias, você e as abelhas.

Nós precisamos disso! Nós precisamos umas das outras, nós realmente precisamos. Quanto mais velha eu fico, mais sinto que nos conectamos de maneira diferente como mulheres em diferentes estágios de nossa vida. E acho que nos aproximamos ainda mais à medida que envelhecemos, pois passamos por coisas diferentes. Eu posso ir para qualquer lugar do mundo, olhar para outra mulher e nós teremos um entendimento, nossas vidas podem ser muito diferentes e pode haver muita coisa que eu não entendo ou não consigo entender, mas há um entendimento compartilhado por ser uma mulher. Há uma conexão e um entendimento tácito uma pelo outra, de que devemos realmente fazer mais e mais para avançar, porque quando funciona, é extraordinário. Quando estamos juntas, somos uma força.

Há quanto tempo você trabalha nessa iniciativa “Women For Bees” no Camboja?

Meu projeto no Camboja existe há 18 anos e por isso estamos protegendo o meio ambiente lá há quase duas décadas, trabalhando com a comunidade local, porque tudo anda de mãos dadas. Também transformamos muitos dos caçadores furtivos em patrulheiros, dando a eles trabalhos diferentes para proteger em vez de caçar. E então, alguns anos atrás, começamos a trabalhar com as abelhas e com a comunidade. Estamos sempre trabalhando em coisas diferentes juntos e encontrando caminhos diferentes. Foi nessa época também que Guerlain foi comigo para fazer uma de nossas filmagens no Camboja.

(Nota da edição: Jolie levou a Guerlain para o Camboja em 2019 para filmar o comercial mais recente do perfume Mon Guerlain). A Guerlain e a UNESCO têm uma longa história de trabalho com as abelhas, através de vários projetos).

Você acha peculiar que uma marca de beleza como a Guerlain e uma organização como a UNESCO tenham se unido para criar tal iniciativa?

À primeira vista, parece que sim. Mas se você conectar a indústria de fragrâncias, com as flores, com as abelhas e com a importância de tudo isso, poderá ver onde existe uma conexão. A Guerlain está consciente de sua origem e consciente de como as abelhas se relacionam com suas próprias necessidades, mas também ciente de todo o ciclo. Abordamos isso como três entidades diferentes (incluindo a MJP) com diferentes experiências com as abelhas. A Guerlain está empenhada em ajudar no trabalho que a UNESCO está fazendo. Agora, trabalhando ao lado deles, podemos difundir o trabalho e o treinamento para mulheres de todo o mundo.

Como foi seu primeiro encontro com essas mulheres apicultoras?

Elas foram maravilhosas. Fiquei mais emocionada do que esperava, porque não se tratava apenas delas terem algumas aulas legais e receberem um certificado. Elas estavam trabalhando tanto, suando e aprendendo. Elas são muito impressionantes. Algumas delas mudaram suas vidas… você sabe, as diferentes coisas que levam uma mulher a ser capaz de ter algumas semanas disponíveis para receber algum treinamento!

O programa começou com 8 jovens no ano passado na França e com 12 este ano no Camboja. Quem são elas?

Elas têm origens diferentes, mas têm o mesmo compromisso, como mulheres profissionais muito sérias, que compreendem o trabalho duro, a gestão, a ciência, o cuidado, o trabalho de campo prático e o quão impressionantes e dedicadas todas elas são. Vê-las começar a trabalhar juntas foi tão especial. Posso imaginar a experiência que elas são capazes de compartilhar e o aprendizado que tiveram sobre cada uma. Percebi que uma mulher da França ficou muito surpresa com as abelhas no Camboja.

As abelhas são diferentes?

As abelhas e as colmeias são diferentes. Eu também não sabia até ver. E então você começa a aprender sobre as diferentes espécies, por que elas são tão importantes, como elas são geradas… e então você se vê trabalhando também com a comunidade, buscando encontrar formas alternativas de obter fundos ou cultivar de uma forma que você possa ajudar. Muitas pessoas que estão causando danos não querem fazer isso! Elas simplesmente não têm as necessidades básicas e o treinamento que poderiam ter. Dentro da nossa fundação, existem os Guardas, jovens que trabalham como “guardas ambientais”. Eles também participaram de um programa de apicultura, treinando com as mulheres. Elas puderam ensinar sobre as abelhas, então foi ótimo ver a transferência de conhecimento para a geração mais jovem de meninos e meninas. Claro que estamos focados nas mulheres, mas sabemos que as mulheres vão treinar os homens. Há um homem cambojano que dirige minha fundação no Camboja. Ele é extraordinário e é ele quem ajuda a trabalhar com todas as mulheres também, então, sim, é claro que se expande além das mulheres, mas nós as colocamos no centro.

Hoje, cerca de 75% de todas as plantas cultivadas e 90% das plantas com flores silvestres dependem de polinizadores, incluindo abelhas. Você acredita que as pessoas percebem o quão preciosa é a sobrevivência das abelhas para nossa própria sobrevivência?

 

Todos nós sabemos, no fundo de nossas mentes, como é importante ter florestas, meio ambientes e habitats naturais. Todos conhecemos os perigos das alterações climáticas. Nós sabemos. Acho que, às vezes, ficamos tão sobrecarregados com isso que meio que “congelamos”. Ficamos tristes com isso, mas não sabemos o que podemos fazer para impedir essas coisas. É muito importante procurarmos por maneiras específicas e práticas de fazermos mudanças juntos e tentarmos crescer conscientemente – porque há muito o que aprender.

Educando mais e mais pessoas?

Algo como as abelhas e os polinizadores, há muito o que podemos fazer, e é emocionante poder compartilhar isso com as pessoas. Existem alguns problemas no mundo que estão além do gerenciamento, mas com desse tipo, até crianças pequenas podem ajudar a plantar as sementes certas para as flores certas ou até mesmo ter pequenas colmeias. Em áreas urbanas, você pode ter colmeias na cobertura do seu prédio, no telhado, em qualquer lugar!

No ano passado, você fez uma sessão de fotos com Dan Winters para a National Geographic comemorando o “Bee-day” (Dia da Abelha, celebrado todos os anos, no dia 20 de Maio). Resultou em uma fotografia na qual você esteve coberta de abelhas, visando aumentar a conscientização sobre o desaparecimento delas. Você ficou com medo? Você tem boas lembranças desse dia?

Sim. Eu não tenho medo de abelhas. Na verdade, foi como uma meditação porque você tem que ficar muito quieta – e eu não fico quieta facilmente! Havia um zumbido, há esse zumbido que me lembrou os monges cantando no Camboja. Eles zumbem muito alto, então eu estava cercada por esse som e precisava apenas respirar! De certa forma, isso força você a entrar em seu corpo como um ser. Meus filhos também estavam lá. Eles não fizeram exatamente o que eu fiz, mas Shiloh e Vivienne também tiveram abelhas nelas e ao redor delas.

Você teve que fazer algo específico ao se preparar para o ensaio fotográfico?

Não pudemos tomar banho por três dias (risos). Eles disseram que você não pode usar nenhum perfume, nenhum produto ou loção. As abelhas podem picar você se estiverem confusas sobre o que você é. Se elas puderem cheirar seu odor e sua essência, então significa que você é outro ser. Isso ajuda elas a se fixarem em você, como se estivessem se fixando em outro animal. Mas se você tiver vários outros perfumes, elas ficarão confusas, o que é engraçado, porque é claro que a Guerlain vende perfume, mas você não pode usar nenhum quando tem abelhas ao seu redor. Então, todos nós estávamos bastante sujos e sem maquiagem. Foi bem legal. Foi um momento que você não costuma ter, de apenas sentar lá, estar presente e deixar essas outras criaturas explorarem você. Eu gosto dessa foto mais do que qualquer outro retrato meu já feito, porque ficou muito humano e agradável.

Você chegou a praticar ioga antes para controlar sua respiração?

Eu sou terrível em qualquer coisa do tipo. Eu nunca faço ioga, e não consigo meditar. Eu tinha uma abelha debaixo da minha saia e, honestamente, eu estava passando a maior parte do tempo pensando que, se aquela abelha me picasse naquele lugar, seria impossível ficar parada. Eu tentei não surtar, porque me disseram que a parte difícil é quando você acaba sendo picada e reage, então o resto delas pode começar a picar! Eu estava muito consciente dessa abelha, mas eventualmente nós duas conseguimos juntas!

Saiba mais sobre a Iniciativa “Women For Bees”

A iniciativa de cinco anos, “Mulheres pelas abelhas” faz parte de uma parceria entre a UNESCO e a Guerlain, assim como a LVMH em sentido mais amplo. Possui dois objetivos: proteger as abelhas nas biosferas e incentivar as mulheres a serem empreendedoras, capacitando-as em apicultura.

Até 2025, 2.500 colmeias terão sido construídas em 25 reservas da biosfera da UNESCO e 125 milhões de abelhas estarão polinizando alegremente. 50 apicultoras terão sido certificadas, treinadas e apoiadas para montar suas próprias fazendas de abelhas, enquanto participam de um projeto vital e socialmente benéfico, local e globalmente, tornando-se membros de uma comunidade maior.

O empoderamento das mulheres por meio do programa “Women For Bees” continuará em 2022 com a capacitação de mulheres apicultoras em Ruanda e na Etiópia, seguidas pela Província de Yunnan na China em 2023 e na Amazônia.

 

Fonte: Angelina Jolie Brasil

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